Convite oficial 2023

Foliões e foliãs,
sofredores e sofredoras,
pessoas de fantasias,
abolicionistas de todo gênero,
povo brasileiro!

Foi um longo, frio e solitário inverno. Uma noite escura, sem estrelas e sem luar. Mas sempre soubemos: — o sol há de brilhar mais uma vez (e a luz há de chegar aos corações).

Vimos a peste potencializada pela ignorância e pela indiferença; a adoração do preconceito e a profissão de fé na caretice; atitudes e slogans sombrios que não eram meras coincidências; um mito mitômano que toca o berrante em direção ao passado (a um passado em que o macho podia escravizar, torturar e matar livremente). E toda essa violência oferecida aos donos do dinheiro, com a promessa de que ganhassem mais dinheiro.

Pedimos licença para homenagear quem foi sem dizer adeus na pessoa de nossos heróis de barracões: Marílias, Betes, Tremendões, Pablo, Elza, Aldir, Gal e tantos outros. A cada pessoa querida, do fundo do nosso quintal, dizemos: obrigado por você existir, pra sempre nas nossas vidas, amiga/o.

Uma pausa para limpar as lágrimas. O papo é reto: quem bate não se lembra, mas quem apanha resiste e relembra. Por isso dizemos em uníssono: chega disso!

É hora de abolir o ódio. E o faremos com método e amor durante as 72 horas que realmente funcionam: este é o Carnaval da virada, da esperança e da alegria de viver.

A tempestade acaba. E não adianta tentar segurar no para-brisa: o caminhão do povo brasileiro vai passar! Vai passar no Bexiga, feliz da vida, o treminhão da felicidade, arrastando um samba-rock, um samba-reggae, um frevo, um funk, um maracatu, um rap, um axé, um coco e um forró. Uma batida maravilhosa e indefinível, pra abrir nossos caminhos e lavar a alma.

Com o apoio das entidades, a bênção da Batucada Franciscana e o suingue do Leitonez, temos a honra e a humildade de convidar você — sim! a sua pessoa! — pro Bloco da Abolição 2023: pra abolir o ódio com 72 horas de amor.

Domingo, 12/11/2023, às 14h (em ponto!).
Concentração na Praça General Craveiro Lopes.
Atrações: Bateria Agravo de Instrumento (BAISF) e Tiago Leitonez & Banda.

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Convite oficial 2020

Foliões e foliãs,

batuqueiros e batuqueiras,

habitantes da prosa e da boemia,

passistas de todo gênero,

povo brasileiro!

Pedimos licença pra incensar,

abrir alas a uma criança,

um bloquinho com nome de rua e de esperança,

que quer chegar sabendo chegar,

pisar miudinho e cantar com você no karaokê da História:

o sol há de brilhar mais uma vez! E iluminar o poço em que, ao que tudo indica e parece que é isso mesmo, nós nos encontramos juntos.

Hemos de convir: o barato é loko.

Faltou luz, mas era dia; era o fogo na mata que ardia. Um abismo social cavado sob os nossos pés. Um rosário de provações. A desrazão de armas em punho. Em cada morro uma história diferente. Se iaiá contar não há quem não vá se pasmar.

E então seguimos mais um ano segurando o tchan, fazendo amor e fazendo memes, resistindo e rebolando. É muita treta pra driblar a situação. Tateamos os limites desse poço. E só nos resta uma certeza, a do poetinha nosso amigo: é preciso inventar de novo o amor.

Outro velho bamba dizia que os carnavais passados incidem como um sonho no cérebro dos vivos. É isso mesmo e não tem jeito. Nós faremos o nosso, mais um. Como der, ou puder ou quisermos. Sempre desejamos e está chegando a hora. Andemos com fé, que ela não costuma falhar.

São nove anos de samba e de América do Sul. Dez carnavais na selva de pedra.

Com orgulho e humildade

alegria que vem de dentro;

escudados em fantasias, sorrisos e serpentina,

esperamos você ― sim, a sua pessoa! ―

no calor da rua,

pra sambar com a gente feliz da vida pelo Bixiga, a nossa Vila Esperança,

visitar aquela doce lembrança ao sopro dos metais,

soltar o canto no refrão com o Madeira de Lei,

lavar a alma com o som da Marighella bonita

e fazer a festa

no Bloco da Abolição 2020 – o fundo do poço tem limites!

Domingo, 16 de fevereiro de 2020: concentração às 14h na Praça General Craveiro Lopes (R. Abolição com Santo Antônio).

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Convite oficial 2019

Foliões e foliãs,

velha guarda do samba e da marchinha,

juventude do pancadão,

abolicionistas de todo gênero,

povo brasileiro!

Completamos 9 anos de idade, uma idade de travessuras. Enquanto isso, assistimos atônitos a um Brasil engatar uma ré de fusca, cantando pneu, bem louco ladeira abaixo.

Manifestoches abrem alas a terraplanistas, à mamadeira de piroca e ao delírio de um país faroeste de bang-bang. Louvando o deus-mercado, cultuando a violência, a hierarquia, a caretice decadente, a mentira de toga e a desrazão. Sobra pro povo o bagaço da laranja.

Mas do lado de cá não, violão! Aqui ninguém se entrega, a não ser à folia. Seguimos, juntos, todo mundo segurando o tchan. Já dizia Mariga: quem samba fica! Eles é que vão embora, muito antes que se possa esperar.

Respeitamos muito nossas lágrimas. Mas ainda mais nossa risada. Vaca profana de divinas tetas, rogamos: derrame o leite bom na nossa cara e o leite mau na cara dos caretas.

De tal maneira que, só de birra só de sarro,

não nos restando outra alternativa a não ser lutar, amar e cutir,

convocamos a nação abolicionista inspirada em Zeca Pagodinho a tirar uma onda.

Não é todo dia que Jesus-Christ-he-is-my-lord, Jesus-Christ-he-is-my-friend aparece na goiabeira do quintal e que a vila do Chaves ganha novos episódios. Se a esculhambação nacional voltou aos áureos tempos, não façamos por menos que usar da nossa alegria, nossa ironia aprendida com o Bruxo do Cosme Velho.

Com a bênção do Madeira de Lei, da Escola 1ª da Aclimação de Vila Esperança,

convidamos você — sim, isso mesmo, a sua pessoa! —

a balançar o esqueleto,

rebolar bonito, soltar a voz

e despirocar com a gente!

Feliz da vida, mais uma vez, no Bixiga, o Bloco da Abolição convida:

Domingo, 24/2, 14h, concentração na Praça General Craveiro Lopes (em frente à Câmara dos Vereadores) com a Banda do Peru. Parada técnica na rua 13 de Maio, esquina com a Conselheiro Carrão, no samba do Madeira de Lei. Descida da ladeira de volta à Praça com a Batucada Popular Carlos Marighella.

 

Bloco da Abolição 2019 — é melhor já ir despirocando.

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Querido: quem é você?

Bloco da Abolição, querido: quem é você?

Nascemos em 2011. Dizemos que fomos refundados ou que o espírito abolicionista, numa de suas muitas aparições, encarnou na festa da carne, da fruta e do amor, ali mesmo no Bixiga, mas que coincidência! Sim! Existe amor em S.P., o novo quilombo de Zumbi, e nos julgamos, com humildade, porém certeza firme que vem de dentro, a prova viva disso — ano a ano, com muito suor.

Sempre buscamos homenagear o samba paulista arrimados na firmeza da roda de samba do Madeira de Lei, que toca há décadas na esquina da Rua 13 de Maio com a Conselheiro Carrão, passagem obrigatória do nosso bloco, que desfila sempre no domingo de pré-carnaval (das 13h até o último folião/ã).

Nos temas procuramos subverter a ordem, abolir os grilhões, escrachar a caretice e exaltar a alegria. Há sempre um concurso de fantasias cara-de-pau. Fechamos o dia com a batucada Carlos Marighella, do Levante Popular da Juventude, que traz sambas de enredo próprios, paródias e pancadões, pra sacodir o esqueleto.

Neste ano da graça de 2019 o tema do Bloco é: “Pode Já-ir despirocando!” — quem quiser ir pirocando também pode, já que esse movimento de pirocar e despirocar é muito gostoso e faz parte do ciclo natural da vida, segundo o renegado Darwin.

Felizes da vida pelas ruas do Bexiga, aquele abraço. Axé! Saravá!

(Em breve o convite oficial de 2019)

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Contra o Eterno 7 x 1 só o Carnaval salva!

MANIFESTO DA VIRADA

Foliões e foliãs,
velha-guarda do frêvo e da marchinha,
bambas do pancadão e da batucada ritmada,
abolicionistas de todo gênero,
povo brasileiro!

É com ousadia e pisando miudinho,
nesse chão devagarinho,
avançando na cadência da ala dos sofredores,
dos que sobem a ladeira, choram na rampa e carregam o piano,
e que diariamente e uma vez mais com a rapaziada,
seguraram a onda, o rojão e a primavera nos dentes,
com amor, afeto e a fé no século XXI,
que anunciamos a Boa Nova!

Ela vem toda de branco,
atravessou o mar,
cheia de euforia,
para desfilar,
na nossa rua, nesta cidade, nas nossas vidas.

Mas antes,
dá licença de eu lembrar,
que às vezes entramos no olho do furacão do karma,
que uma roda-viva traz tudo de novo — ah! de novo não…

E é um 7 x 1 todo dia; um atrás do outro. Um eterno 7 a 1 da gôta serena que não acaba mais e que não termina nunca, e assim sucessivamente, “ad infinitum”, “ad retornum ab ovo”, “ad pleonasmus viciosus”, “ad zicadum”.

E quando você acha que deu ruim, que a luz apagou, o pano caiu, a roda fechou, a voz sumiu e o samba acabou, pode ter certeza, que é só na base da crença lúcida, da fé cega e razoável, do irracional científico, do volta Belchior, do não vai ter golpe, do êeu acrêditô, do Sobrenatural de Almeida Futebol Clube, dos 46 aos 48 do segundo tempo, do é o time da virada é o time do amor.

E se é verdade que o carnaval é só um momento, um portal que se abre no espaço-tempo, é igualmente verdade que ele vira uma chave, que ele traz o desconhecido, sensações de tempos imemoriais, de tal modo que todos nós queríamos, que essa fantasia fosse eterna.

E assim, vivão e vivendo, este pequeno bróquio que tem nome de rua e de esperança,
apela à força irresistível do sete,
pra abrir nossos caminhos,
tirar a ziquezira, o encosto e a nháca,

lembremos:

que se pula sete ondinhas, que são sete as notas musicais, sete cores do arco-íris, sete os mares da Terra, sete dias da semana, sete regiões divinais, sete trombetas do apocalipse, sete palmos de terra, sete círculos do inferno de Dante, sete pecados capitais, sete vidas tem o gato, sete maravilhas tem o mundo, sete erros tem o jogo, sete chakras tem o corpo e, pra fechar a reza, sete são os nossos carnavais.
Portanto, por consequência lógica de tudo quanto foi dito,
quando você chegar numa nova estação,
vamos juntos, na palma da mão,
atrás do trio-elétrico, curtindo nossa baianidade nagô do couro da Marighella Bonita — batucada do povo brasileiro —,
na melodia da marchinha, na marcação do maracatu, no revolteio do frevo, no axé do samba-reggae, no toque do agogô, no acorde do pinho, na corda Mi do nosso cavaquinho,
pra anunciar,
pra sentir calor no coração,
arrepiar, se abraçar, se congraçar e se consagrar,
na fantasia mais ridícula de todos os tempos,
que chegou a hora da salvação!

O Bloco da Abolição convida, chama e convoca,
você — isso mesmo! a SUA PESSOA! —
pra atravessar com a gente, a virada, a passagem

do Eterno 7×1
rumo à salvação carnavalesca!

Bloco da Abolição 2017 – do eterno 7×1 só o carnaval salva.
Domingo logo após o sétimo dia da criação que guardamos para festas, 19 de fevereiro de 2017.

 

bloco-da-abolicao-2017

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